20 January 2008

GO EAST/GO WEST



Beirut - The Flying Club Cup

No primeiro álbum, Gulag Orkestar (2006), Zach Condon, americano de Santa Fe, criou a sua ficção privada do que seria a música cigana dos Balcãs – já a Black Ox Orkestar, os Gogol Bordello, The One Ensemble ou A Hawk and a Hacksaw haviam bebido desse cálice –, tal como a escutou nos filmes de Kusturica e nos discos do Taraf de Haidouks. A relação não seria etnomusicologicamente exacta (tal como Beirut – a cidade – se situa um nadinha mais a Leste) mas o álbum era muito bom. Em The Flying Club Cup, aparentemente, o eixo de referências ter-se-à deslocado para Paris (acerca da qual, Condon cita recorrentemente Jacques Brel – alguém que o esclareça sobre a sua nacionalidade belga), “chanson & musette” incluídas. Detecta-se, de facto, um ou outro aroma de Beaujolais e Veuve Cliquot sem que isso, no entanto, tenha anulado os intensos odores “balcânicos” anteriores. Esses e os também muito presentes de Stephin Merritt, Divine Comedy, Rufus Wainwright (felizmente q.b. e só q.b.) e mesmo Sufjan Stevens. O “bouquet” ficou consideravelmente enriquecido e há que dizer que o potencial desta estética-InterRail ainda mal começou a ser explorado.

(Vive La Blogothèque!)


















(2007)

10 comments:

Anonymous said...

É uma treta de disco.

João Lisboa said...

É pena. Lamentamos imenso.

Anonymous said...

... mas vou ouvi-lo novamente.

Ruca! said...

fantástico zach condon.
e pensar que tem apenas 22 anos.
abraço.

Anonymous said...

«é uma treta de disco»

Eu não queria arranjar polémica, sinceramente, mas responder a uma crítica musical com este argumento, parece-me muito pouco...
O disco é uma treta porquê?

Anonymous said...

As melhores críticas não são argumentos. Este disco é uma merda, esta música é uma treta, etc..., é das melhores crítica que se podem fazer.

Afundem este mundo moderno onde todos têm uma uma opinião fundamentada e onde nos respeitamos a todos.

Sim, gamei este "argumento" ao Greil Marcus.

Anonymous said...

Ao quim seguro:
'tá certo. Isso, pelo menos, já é uma opinião. E se o Greil Marcus disse, 'tá dito, não se mexe. Eu, por acaso, gostei do disco, mas não foi logo à primeira. Às primeiras audições pareceu-me um disco frouxo. Depois, foi-me cativando com a sua (quase invisível?) diversidade e originalidade.

Anonymous said...

Não o voltei a ouvir. Mas vou fazê-lo. Agora vou ouvir o "Força Bruta".

sonhadora said...

Eu gosto muito dos dois álbuns de Beirut! No primeiro pela sonoridade da "música cigana dos balcãs", que me faz lembrar em muito o Kusturica!

Este, faz-me lembrar muito as ruas de Paris e Belleville! (Lembrar no sentido em que imagino e em que vejo pelo cinema)!
The flying club cup é como se fosse uma viagem com partida nos balcãs e chegada a França!

Gosto muito mesmo... mas compreendo que estes não são sons conformes... à dias falei sobre Beirut com um amigo meu, este disse-me que este é um som fantástico, mas que poucas pessoas o compreendem e aceitam na sua totalidade! Cada vez mais vejo que ele tem razão!

bookworm said...

can't believe! ainda ontem ouvi o cd - praí a 3ª vez - e pensei com os meus botões: ou estou a delirar ou isto soa vagamente a divine comedy. afinal é mesmo verdade! :0 porreiro, pá, posso ser um tanto ou quanto ignorante, mas não sou surda. ;)