12 March 2008

WASTELAND



Jan Jelinek avec The Exposures - La Nouvelle Pauvreté

Seja a música uma espécie de mapa simbólico das emoções ou, como supunha Schopenhauer, uma manifestação da vontade expressa nos ritmos, velocidades e movimentos que todos os seres partilham, a de Jan Jelinek (ou Farben) fá-lo por meio da sobreimpressão das marcas do humano na intimidade dos circuitos digitais convertidos em sistema nervoso extra-corporal. Há um cérebro que pensa com a racionalidade possível, um simulacro de alma capaz de silêncios e êxtases, uma bomba cardíaca que acelera e atrasa o andamento da circulação de informação, até mesmo uma certa sensualidade radiográfica e abafadamente mecânica, como o electrocardiograma de um orgasmo em apneia.



E, no ecrã que essa entidade virtual observa, projectam-se as imagens parasitadas dos trópicos de uma "interzone" transmitidas por correio meta-electrónico, as carcaças sonoras do significado de um bilião de mensagens trocadas, uma outra "wasteland" de frases, palavras e sílabas destroçadas em paralisado desfile processional. Depois, termina. E, logo a seguir, pode recomeçar. (2003)

3 comments:

Eu said...

Excelente disco.
É aqui, se me permites, que aproveito para dar um assobio ao Herbert e dizer "olha que também podias fazer isto às vezes. sabes fazer. porque não o fazes?"

Anonymous said...

Outro disco execelente (ainda melhor?) e do mesmo ano é "1+3+1" de jan jelinek juntamente com o trio australiano(julgo)Triosk.
manuel carvalho

ND said...

não conheço o disco, duvido até que possa vir a gostar, mas o que aqui me prendeu foi mesmo o texto: andamento rápido, rápido, extravagante, perfeito.