25 May 2008

O FADISTA: A PERFEIÇÃO IDEAL DO IGNÓBIL (III)

(fotos Mouraria, 2008)

"Se é certo que Maria Severa se evidenciava pela fanfarronia com seu travo de impudor, é não menos certo que outras colegas suas lhe seguiram o exemplo e deixaram nome nos anais da pimponice da Mouraria. A Maria Romana, a Piedade, a Felicidade, a Joaninha e a Umbelina cega, contemporâneas da Severa, foram as principais fadistonas bairristas; mas a terceira era a mais bonita de todas, uma mocetona de boa pinta, coisa muito papa-fina. As três primeiras moravam nas lojas à entrada da Rua do Capelão, que se conserva tal qual estava naquela época.


A primeira delas acabou feita contrabandista no sítio, e a segunda amancebou-se com o Rito, empregado na administração do bairro, que legou uns poucos de prédios ao filho. A Umbelina cega, a mais antiga, uma desordeira maior de marca, já ali estava no tempo dos franceses, quando a Rua do Capelão e as betesgas circunvizinhas eram outros tantos covis de ladrões, onde entravam os moleiros com os seus burros, desaparecendo uns e outros sem haver mais nova nem mandado deles". (in História do Fado, de Pinto de Carvalho/Tinop, 1903)



(2008)

2 comments:

menina alice said...

Isso da Mouraria já é provocação!

João Lisboa said...

Soides do Puârto, senhora?