30 June 2009

O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (XV)

Laurinda Alves




Já por diversas vezes aqui foi sublinhado o fascínio que o sentido performativo exerce sobre o pensamento de Laurinda Alves e o modo como irremediavelmente o estimula. Aqui, descobre-o no âmbito da crítica musical a um concerto de Rita Redshoes - notar a frescura analítica e adjectivante: "charme", "fez literalmente parar o trânsito", "o seu estilo muito feminino e muito 'Audrey Hepburn'", tão invulgar numa área infestada de pseudo-intelectualismos - e, numa genial elipse, deriva para o comentário social, sublinhando ser perfeitamente possível reparar num "casal homossexual que namora [à nossa frente]" - e isto é, realmente, muito bonito - "sem um único olhar de reprovação".



"O fim de tarde no Chiado foi muito animado. Rita Redshoes, nome artístico de Rita Pereira, a ex-vocalista dos Atomic Bees, chegou aos Armazéns do Chiado de maneira muito performativa: em cima de um autocarro branco de dois andares para cantar e tocar naquele que alguém disse ser o palco mais pequeno do mundo. É impossível resistir ao charme, à voz e ao talento musical de Rita Redshoes. Falo por mim, claro, que gosto imenso dela. Hoje fez literalmente parar o trânsito na Rua Garrett com o seu estilo muito feminino e muito 'Audrey Hepburn'. Eu ia pela rua abaixo com a minha mãe pelo braço e foi ela que me pediu para ficarmos a assistir ao concerto. Acho graça ao ecletismo da minha mãe e à sua abertura de espírito. Aqui fica uma imagem eloquente deste mesmo espírito: apoiada na sua muleta azul, com ar sonhador e sem um único olhar de reprovação ou julgamento relativamente ao casal homossexual que namorava à sua frente. Muito querida". (aqui)

(2009)
PINA BAUSCH
(27.07.40 - 30.06.09)



Masurca Fogo

(2009)
DE PIRATAS A CORSÁRIOS



The Pirate Bay has been sold—and the new owners plan to make it a legal service that allows "content providers and copyright owners [to] get paid for content that is downloaded via the site". Global Gaming Factory X AB, a Swedish firm that runs Internet cafes and game centers, plans to buy The Pirate Bay for 60 million kronor, twice the fine that was slapped on The Pirate Bay defendants by a Stockholm court earlier this year. (...)

What do The Pirate Bay admins have to say about the sale? Here's their statement, worth quoting at length: "(...) If the new owners will screw around with the site, nobody will keep using it. That's the biggest insurance one can have that the site will be run in the way that we all want to. And - you can now not only share files but shares with people. Everybody can indeed be the owner of The Pirate Bay now. That's awesome and will take the heat of us. (...) The profits from the sale will go into a foundation that is going to help with projects about freedom of speech, freedom of information and the openess of the nets. I hope everybody will help out in that and realize that this is the best option for all. Don't worry - be happy!" (aqui)

... os próximos capítulos são a não perder.

(2009)

29 June 2009

COMO NUM FILME DE JOHN FORD



Elvis Costello - Secret, Profane & Sugarcane

É bonito. É muito bonito descobrir-se, num álbum gravado no mais puro idioma country, "deep-down south", em Nashville, Tennessee, uma canção como "Red Cotton" em que a selvajaria do esclavagismo ("The slave ship 'Blessing' slipped from Liverpool, over the waves the Royal Navy rules, to go and plunder the kingdom of Benin, where certain history ends and shame begins") com destino ao "brand new world of auction blocks and whips", se pinta a vermelho-sangue, sobre um tecido de algodão pronto a ser expedido para "those gentle European homes". Não é – muito longe disso – o único mérito de Secret, Profane & Sugarcane nem o universo da country music é já, hoje, um "redneck-bunker" de confederados sobreviventes da Guerra Civil. Mas, como símbolo adicional da América que elegeu Obama presidente, não deixa de ser significativo.



E, mesmo que isso se deva ao britânico Costello – acompanhado, no entanto, por T-Bone Burnett e meia dúzia de músicos da nata local –, não deverá ser razão suficiente para diminuir o alcance de, tão literal e belamente, pôr o preto no branco. Já agora, também se poderá reparar que este disco assinala o reencontro dos Coward Brothers (Costello+Burnett), duo informal constituído em 1984 e que daria origem a duas das mais magníficas gravações de Elvis Costello, com T-Bone no lugar de produtor: King Of America (1986, com a "road band" do outro Elvis – Presley – na tripulação) e Spike (1989).



Por esta altura, já deveremos estar todos razoavelmente preparados para, de Elvis Costello, apenas esperarmos o inesperado: do erudito catraio punk de My Aim Is True (1977) ao soul boy de Get Happy (1980), do esteta pop de Imperial Bedroom (1982) ao compositor "sério" de Terror & Magnificence (1997), The Juliet Letters (1993) e Il Sogno (2004), do colega de Anne Sofie Von Otter (For The Stars, 2001), Burt Bacharach (Painted From Memory, 1998), Marian McPartland (Piano Jazz, 2005), Allen Toussaint (The River In Reverse, 2006) e Bill Frisell (Deep Dead Blue, 1995, e The Sweetest Punch, 1998) ao torch-composer de North (2003) ou até… ao discípulo de Hank Williams, Merle Haggard, George Jones e Gram Parsons, genuflectindo perante os mestres no altar de Nashville, em Almost Blue (1981), nada poderá ser verdadeiramente uma surpresa.



Portanto, muito naturalmente, Secret, Profane & Sugarcane, regresso à capital do Grand Ole Opry e justificadíssimo pretexto para intenso foguetório perante mais um óptimo álbum do genial polímato pop. Um olhar mais desatento pelos detalhes "de produção" poderia fazer desconfiar de coisa realizada à pressa (apenas três dias em estúdio), feita de sobras e esboços inacabados: canções co-escritas (ou já gravadas) com Burnett e Loretta Lynn, concebidas a pensar em Johnny Cash ou, até (sim, é verdade) retiradas de uma ópera-in progress para a Royal Danish Opera, acerca de Hans Christian Andersen. Há, porém, certamente, um método nesta espécie de loucura – o que dela resulta é um extraordinariamente coerente "song-cycle" da (ainda e sempre) old, weird America, um painel celebratório das personagens, lugares, emoções, solidão e perda do Grande Sul ("All you gangsters and rude clowns, who were shooting up the town, when you should have found someone to put the blame on, though the fury's hot and hard, I still see that cold graveyard, there's a solitary stone that's got your name on") que, às mãos de virtuosos como o violinista Stuart Duncan, o bandolinista Mike Compton, o contrabaixista Dennis Crouch ou o executante de dobro, Jerry Douglas, nos falam, inconfundivelmente, "in a voice like a John Ford film".

(2009)

28 June 2009

ESTAS CRIATURAS ILUDIDAS...


Luciano de Samóstata

"The Christians, you know, worship a man to this day - the distinguished personage who introduced their novel rites, and was crucified on that account. (...) You see, these misguided creatures start with the general conviction that they are immortal for all time, which explains the contempt of death and voluntary self-devotion which are so common among them; and then it was impressed on them by their original lawgiver that they are all brothers, from the moment that they are converted, and deny the gods of Greece, and worship the crucified sage, and live after his laws. All this they take quite on trust, with the result that they despise all worldly goods alike, regarding them merely as common property. Now an adroit, unscrupulous fellow, who has seen the world, has only to get among these simple souls, and his fortune is pretty soon made; he plays with them". (Luciano de Samóstata, sec. II - A Passagem de Peregrino)

(2009)
CIDADES (XVII)

Supermercado A. C. Santos, Lisboa, Portugal, 2008















(2009)
NEW (?), WEIRD AMERICA
(a country founded on the deep-seated belief in God and firearms)



It would be fair to call it unconventional. Not every pastor encourages his or her flock to show up to church packing heat. Or for that matter, participate in a raffle for a big gun giveaway during the service. But not every pastor is Ken Pagano of the New Bethel Church in Louisville, Kentucky. Pagano likes guns. He likes guns so much that he asked his parishioners to show up to church this evening armed like Sylvester Stallone as Rambo (.50 caliber machine gun optional). In all seriousness, Pagano did hold an "open carry celebration" tonight at his church. That meant if you owned a gun you could bring it to the service (provided it was unloaded) as part of an effort, he says, to promote responsible gun ownership and firearms safety. (...)



"If it were not for a deep-seated belief in the right to bear arms, this country would not be here today". he said. "As a Christian, I believe, and as an American this country was founded on the deep-seated belief in God and firearms — without which we wouldn’t be here today", Pagano told FOX News earlier this week. (...) It’s not the first time Pagano has discussed firearms at his church. According to the Kentucky Equality Federation, his sermon two weeks ago was titled, "God, Guns, Gospel and Geometry". (daqui)



(2009)

27 June 2009

AFINAL, O QUE ME FALTAVA  ERA A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA ENTENDER DEVIDAMENTE A COISA


Licenciado em Urbanismo pelas NO

Segundo esclarece (também no "Expresso" de hoje) Luís Capucha, presidente da Agência Nacional para a "Qualificação" - lamentando que, "por trás de muitas críticas [às Novas Oportunidades] esteja apenas preconceito, despeito e, em alguns casos, elitismo" - o objectivo do programa "não é ensinar, mas permitir que os adultos possam ver reconhecidos os conhecimentos que foram adquirindo ao longo da sua experiência profissional e de vida". O que Luisa Neves, coordenadora do Centro de Novas Oportunidades do Agrupamento de Escolas de Miragaia, desenvolve através de um exemplo extraordinariamente iluminador: "Um dealer que vende droga faz uma coisa que ninguém faz, que é pensar numa base matemática 8 - ele sabe que uma base de cocaína é um oitavo de grama. Um arrumador de carros tem noções de urbanismo. Se calhar sabe de psicologia social".


Doutorado em Matemáticas Aplicadas pelas NO

Está certo. E, só por estar a inserir o post 1407 aqui neste blog, vou já exigir que me reconheçam o direito a um doutoramento em Informática & Comunicação (ou outra coisa assim com um título fixe). Mas impõe-se, então, levar o assunto às últimas consequências: se, na "escola da vida", se aprende tudo, para quê gastar, todos os anos, milhões do orçamento com as "escolas fora da vida" que exigem 12 anos para se atingir o que pode, facilmente, ser alcançado em 6 meses?

(2009)
MEDINA CARREIRA: "ESTA GENTE É UM NOJO!"



... entretanto (segundo o "Expresso" de hoje), to add insult to injury e para "cumprir a meta" de um milhão de certificações de aviário das "Novas Oportunidades" até 2010, a Agência Nacional para a "Qualificação" carrega no acelerador e propõe-se "diplomar" 1200 pessoas por dia!...

(2009)

26 June 2009

TH€R€'$ NO B€TT€R POP $TAR THAN A D€AD POP $TAR



"A little more than 24 hours after Jackson’s death in Los Angeles, his albums jumped to the top of the retail charts. On Amazon.com, albums by Jackson and the Jackson 5 accounted for 18 of the top 20 best selling records Friday. On iTunes, Jackson records occupied nine of the top 10 spots. Deceased celebrities can generate a fortune long after they are gone. Presley’s estate generated $52 million in 2008 according to the annual Forbes magazine list of top-earning dead celebrities. Second on the list was Charles Schulz, the creator of Peanuts, whose drawings earned his estate $33 million in 2008, according to Forbes".

... e, agora - pós-novo-fiasco da gripe suína, enquanto os Fripóres da vida ficam em banho-maria durante a silly season, o minicrime de lesa-pátria Ronaldogay é suavemente elidido (era só o que faltava!... uma das raras jóias do luso-orgulho-macho-da-bola-cheio-de-guito humilhado por uma lambisgóia-pau-de-virar-tripas!), o Berlusconi geronte-priápico já deu o que tinha a dar e o teatrinho PT-PS-TVI não parece ter potencial (mas até pode ser grosso engano...) para se aguentar um Agosto inteiro -, preparemo-nos para o folclore estival de abrir noticiários acerca do "legado" estético (este há-de ser só coisa colateral para "eruditos"), dos perigos da automedicação, do flagelo da droga e das pérolas de sabedoria do Uri Geller das colheres de sopa dobradas pelo poder da mente e "ciências" ocultas adjacentes. Começa a haver motivos sérios para acreditar na existência de uma divindade omnipotente que protege os editores de telejornais.



(2009)
A SOTÔRA PODE SER MUITO SÉRIA E TAL
MAS EU CHAMAVA-LHE ERA
"NÃO TER ONDE CAÍR MORTO
E ACEITAR QUALQUER ESMOLINHA"...




"Num jantar com o grupo parlamentar do PSD, na Assembleia da República, Manuela Ferreira Leite pediu desculpa aos restantes deputados por 'salientar o caso do Pedro Santana Lopes', que considerou 'exemplar em termos de capacidade de servir um partido'. 'Foi presidente do partido, foi primeiro-ministro e foi deputado depois de ter exercido essas funções. E, depois de o partido neste momento ter definido como critério que alguém candidato a uma autarquia não se devia candidatar a deputado por uma questão de seriedade perante o eleitorado, o Pedro Santana Lopes teve a humildade de optar por se candidatar a uma autarquia', elogiou". (aqui)

(2009)

25 June 2009

AN (EVEN) WHITER SHADE OF PALE


Michael Jackson (August 29.08.58 - 25.06.09)

(2009)
OPUS DEU



"O Ministério Público já deduziu acusações contra cinco ex-gestores do Banco Comercial Português (...) Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal, Cristopher de Beck, António Rodrigues e Castro Henriques já foram notificados da acusação realizada pelo Ministério Público"(aqui)

... muito educativo texto de apoio complementar.

(2009)
UM PEQUENO PASSO PARA A FLAUTA MAS UM PASSO DE GIGANTE PARA A HISTÓRIA DA MÚSICA


Excavations in the summer of 2008 at the sites of Hohle Fels and Vogelherd produced new evidence for Paleolithic music in the form of the remains of one nearly complete bone flute and isolated small fragments of three ivory flutes. The most significant of these finds, a nearly complete bone flute, was recovered in the basal Aurignacian deposits at Hohle Fels Cave in the Ach Valley, 20 km west of Ulm. The flute was found in 12 pieces. The fragments were distributed over a vertical distance of 3 cm over a horizontal area of about 10 x 20 cm. This flute is by far the most complete of all of the musical instruments thus far recovered from the caves of Swabia.



The preserved portion of the bone flute from Hohle Fels has a length of 21.8 cm and a diameter of about 8 mm. The flute preserves five finger holes. The surfaces of the flute and the structure of the bone are in excellent condition and reveal many details about the manufacture of the flute. The maker carved two deep, V-shaped notches into one end of the instrument, presumably to form the proximal end of the flute into which the musician blew. (...) The maker of the flute carved the instrument from the radius of a griffon vulture (Gyps fulvus). (...) Available calibrations and independent controls using other methods indicate that the flutes from Hohle Fels predate 35,000 calendar years ago. Apart from the caves of the Swabian Jura there is no convincing evidence for musical instruments predating 30 ka BP. (...) This evidence suggests that the inhabitants of the sites played musical instruments in diverse social and cultural contexts and that flutes were discarded with many other forms of occupational debris. In the case of Hohle Fels, the location of the bone flute in a thin archaeological horizon only 70 cm away from a female figurine of similar age suggests that a possible contextual link exists between these two finds.



The flutes from Hohle Fels, Vogelherd and previous finds from nearby Geißenklösterle Cave demonstrate that a musical tradition existed in the cultural repertoire of the Aurignacian around the time modern humans settled in the Upper Danube region. The development of a musical tradition in the Aurignacian accompanied the development of the early figurative art and numerous innovations, including a wide array of new forms of personal ornaments, as well as new lithic and organic technologies. The presence of music in the lives of Upper Paleolithic peoples did not directly produce a more effective subsistence economy and greater reproductive success, but music seems to have contributed to improved social cohesion and new forms of communication, which indirectly contributed to demographic expansion of modern humans relative to the culturally more conservative Neanderthal populations. The flutes from the caves of the Swabian Jura constitute a key part a major exhibit in Stuttgart entitled Ice Age Art and Culture, which will run from September 18, 2009 – January 10, 2010. (daqui)

(2009)

24 June 2009

JUVENTUDE PERDIDA



Toque de campaínha à porta. Uma das duas catraias "twentysomething" inquire, entre sorrisos:

"Tem tempo para umas palavrinhas?..."

"... err... acerca de quê?"

"Somos da paróquia de xxx"

"Sim... e?..."

"Queríamos falar-lhe da nossa experiência com Jesus!
"

MAS QUE POUCA VERGONHA VEM A SER ESTA?!!!... Depois da ascensão e queda das hotlines de phonesex, vamos ter agora - em versão cristã - os relatos, porta a porta, de ménages-à-trois com o JayCee?... É verdade que a concorrência dos mormons não deve ser brincadeira... mas era preciso chegar a isto?...

(2009)
KODACHROME (1935 - 2009)



A sua cor era densa, de textura granulosa, de resolução super e de latitude à exposição generosa. Podia fotografar-se com luz a menos, que na hora da impressão estavam lá os detalhes nas sombras, as nuances nas cores. A vida ficava naquela emulsão não tal qual era, mas como num mundo perfeito. A durabilidade das cores permitia conservar as imagens por muitos anos, quase sem alteração. Os profissionais da National Geographic terão sido os melhores publicitários desta emulsão que tornava as fotografias transparentes (slides) e projectáveis em telas de grandes dimensões. (...) Usar um kodackrome era um ritual. Começava na hora de o comprar: era caro, demasiado caro para amadores vulgares, tramava os orçamentos dos editores mais abastados. A revelação exigia cuidados de grande rigor, logo não era possível ser revelado na maioria dos países onde era comprado. Quase todos os filmes eram revelados na América, alguns na Suíça. Mais alguns países dispunham da poção mágica da Kodak para revelar. Esperar três semanas por um trabalho que tinha custado caro no investimento da película, era um longo sofrimento, uma grande ansiedade. Há 20 anos os correios nem sempre eram rápidos e a forma de controlar as encomendas ainda mais aleatórias do que hoje. Os envelopes postos à disposição para o envio dos filmes eram especiais, fornecidos pela Kodak, com avisos no exterior a dizerem que dentro ia a película Kodachrome. (...) O Kodackrome acabou depois de uma longa agonia. A realidade superou o sonho: os profissionais que sempre usaram a película, foram confrontados nos últimos 5 anos com câmaras fotográficas profissionais com sensores de qualidade extraordinária e que superaram, sem polémicas, a qualidade da película (...) Depois desta realidade só mesmo a sua morte. Anunciada, nostálgica e triste. (texto integral de Luis Carvalho aqui)

(2009)

23 June 2009

EU SEI QUE SEMPRE FUI UMA NÓDOA A MATEMÁTICA...



... mas ou o tipo está apostar no "efeito-Manoel de Oliveira" ou há algum código de honra na seita tipo "mais de 20 anos, és maricas" ou, então, sou eu que nunca mais aprendo a fazer contas:

"Numa carta enviada ao Tribunal Federal de Manhattan, citada pela agência de informação financeira Bloomberg, Bernard Madoff justifica o seu pedido com a colaboração que teve com os oficiais federais. O antigo financeiro de Wall Street, com 71 anos, enfrenta acusações que podem condená-lo a um máximo de 150 anos de prisão e o julgamento está marcado para 29 de Junho. Porém, pela mão do seu advogado, Ira Sorkin, alega que uma pena de 12 anos seria apropriada já que a esperança de vida de Madoff é agora de 13 anos. Em alternativa, Ira Sorkin argumenta que uma pena entre os 15 e os 20 anos conseguiria 'atingir efectivamente' as metas da sentença 'sem castigar desproporcionalmente Bernard Madoff'. O advogado alega ainda que a média dos outros acusados por crimes de "colarinho branco" ronda os 15 anos, citando um estudo conduzido por Herbert Hoelter , consultor contratado por Madoff". (aqui)



(2009)
DIRTY PROJECTORS - LA BLOGOTHEQUE





(2009)

22 June 2009

RICH KIDS WANNA HAVE FUN - PARTE II


Cosme de Médicis por Jacopo Pontormo (1520)

"Tendo 'alguns pesos na consciência', conta-nos Vespasiano, 'tal como a maioria dos homens que governam estados e querem estar à frente dos restantes', Cosme [de Médicis] consultou o cliente do seu banco, o papa Eugénio, convenientemente presente em Florença (ou seja, mais ou menos sob protecção de Cosme), sobre como Deus poderia 'ter misericórdia dele e preservá-lo no gozo dos seus bens temporais'. (...) 'Gasta dez mil florins no restauro do Mosteiro de São Marcos', respondeu Eugénio. Era o tipo de capital necessário para fundar um banco. No entanto, o mosteiro, uma estrutura grande, irregular e delapidada, a dois minutos tanto do duomo como da casa de Cosme, albergava na altura um bando de monges de segunda categoria, da ordem silvestrina de quem se dizia viverem 'sem pobreza e sem castidade'. Imperdoável. 'Darei o dinheiro se os silvestrinos forem expulsos e substituídos pelos dominicanos', diz Cosme. Os severos dominicanos! Só as orações de homens cuja identidade assentava na pobreza e na pureza podiam ajudar um banqueiro que tinha um filho ilegítimo. (...)


A Coroação da Virgem, de Fra Angelico, 1443
(Cosme de Médicis é a figura ajoelhada à frente, à esquerda)


Por ocasião da consagração [do duomo], Cosme negociou publicamente com Eugénio, no sentido de aumentar a indulgência concedida pela Igreja a quem assistisse à cerimónia. O papa cedeu: dez anos a menos no purgatório, em vez de seis. Não custava nada a ninguém e trouxe grande popularidade, tanto ao pontífice como ao banqueiro. Na questão de São Marcos, o papa mostrou-se novamente flexível. Os silvestrinos foram despejados e os rígidos dominicanos, trazidos de Fiesole. O abade dos dominicanos, nessa altura, era Antonino, que viria a ser arcebispo. Tratava-se de um padre com algumas tendências fundamentalistas. 'Que pensaria o nosso São Domingos', escreveria ele, 'depois de concluída a dispendiosa renovação do mosteiro, se visse as casas e celas da nossa ordem ampliadas, abobadadas, elevadas até ao céu e frivolamente adornadas com esculturas e pinturas supérfluas?'


A Adoração dos Magos, de Benozzo Gozzoli, 1459
(Cosme de Médicis, em baixo, à esquerda,
vestido de preto, cavalga uma mula)


Mas esse fundamentalismo não passava de uma simples tendência, uma espécie de pretensa severidade, caso contrário Antonino dificilmente poderia ter trabalhado com o banqueiro durante tanto tempo como realmente trabalhou. Pois a história da relação de Cosme com Antonino, que supervisionou o luxuoso projecto de restauro de São Marcos e viria a ser chefe da igreja florentina durante a maior parte do período do poder de Cosme, é a história da difícil adaptação da Igreja ao convívio com mecenatos de origem dúbia. 'A verdadeira caridade deve ser anónima', insistira Giovanni Dominici, líder militante dos dominicanos. 'Cuidai', dissera Jesus, 'de não dardes as vossas esmolas diante dos homens, para que estes vos vejam; então não sereis compensados pelo vosso Pai que está no céu'. A mensagem é clara: nada de honras terrenas através da generosidade cristã. Mas Antonino e Cosme eram ambos suficientemente inteligentes para preservarem esses pontos cegos que permitem um certo intercâmbio útil entre a metafísica e o dinheiro, no ambíguo território da arte. Em troca do seu dinheiro, o banqueiro podia exibir a sua piedade e o seu poder. Bem como o seu superior gosto estético. A Igreja fingiria que toda aquela beleza se destinava exclusivamente à glória de Deus, com a mesma prontidão com que fingira que a construção da cúpula do duomo nada tinha a ver com a megalomania de Brunelleschi. Sem esse tipo de desonestidade, o mundo seria um lugar bem mais aborrecido". (Medici Money - Banking, Metaphysics and Art in Fifteenth Century Florence, Tim Parks, ed. portuguesa Presença)

(2009)
CITY GHOSTS (XXX)

Lisboa, Portugal, 2009















(2009)

21 June 2009

SER DE BROOKLYN
 

  Grizzly Bear - Veckatimest
 
 

Dirty Projectors - Bitte Orca
 
Aquilo que de, provavelmente, melhor a chamada "Brooklyn scene" tem é o facto de, em comum com as habituais "scenes", apenas partilhar, na realidade, o território geográfico do município de Nova Iorque baptizado a partir da cidade holandesa de Breukelen. Tirando isso – o "ser de Broolyn" ou viver lá – pouco mais se poderá encontrar de semelhante em bandas e músicos como Vampire Weekend, High Places, St Vincent, Yeasayer, Animal Collective, Au Revoir Simone, Sufjan Stevens ou My Brightest Diamond. Ou, agora, Grizzly Bear e Dirty Projectors.
 

 
Veckatimest – nomeado a partir de uma minúscula ilha deserta próxima de Cape Cod... pronto, estabeleçam, se assim o desejarem, a ligação com os Vampire a partir daqui –, terceiro álbum da banda de Daniel Rossen, Ed Droste, Chris Taylor e Christopher Bear, é uma pequena jóia de pop detalhadamente burilada que talvez possa ser mais facilmente circunscrita se se falar das afinidades que suscita. A saber, personalidades musicais tão diversas como Paul Simon ou os Radiohead que já declararam publicamente a sua devoção. Não seria impossível desenhar um ponto de intersecção entre as músicas de ambos – raíz folk sofisticadamente academizada e complexidade pop-rock – e, por aí, descobrir o território onde os Bear se sentem confortáveis, na companhia dos arranjos de cordas subliminarmente precisos de Nico Muhly e das imponderabilidades corais herdadas dos Beach Boys. 
 

O fã ilustre de serviço dos Dirty Projectors é David Byrne mas, se a referência Talking Heads não é, de todo, despropositada, a formidável música da banda do diplomado em composição por Yale, Dave Longstreth, é algo de bastante menos definível, num bizarro polígono entre o aracnídeo "high-life" africano, Jimmy Page, as "disco car ad harmonies" das sereias Angel Deradoorian e Amber Coffman (pensem Nigéria em Bollywood) e, sim, acreditem, Nico. (2009)
COMO, 16 ANOS ANTES, DAMON ALBARN VIU O FUTURO



... e ele chamava-se José Sócrates (aliás, Colin Zeal).

Colin Zeal knows the value of mass appeal
He's a pedestrian walker, he's a civil talker
He's an affable man with a plausible plan
Keeps his eye on the news, keeps his future in hand


And then he looks at his watch, he's on time yet again
He's pleased with himself, he's pleased with himself
He's so pleased with himself, ah ha.


While sitting in traffic, Colin thinks in automatic
He's an immaculate dresser, he's your common aggressor
He's a modern retard with a love of bombast
Keeps his eye on the news, doesn't dwell on the past


And then he looks at his watch, he's on time yet again
He's pleased with himself, he's pleased with himself
He's so pleased with himself, ah ha


He's pleased with himself, he's pleased with himself
He's so pleased with himself, ah ha


(roubado daqui)

(2009)
STREET ART, GRAFFITI & ETC (XXXI)

Lisboa, Portugal, 2009















(2009)

20 June 2009

MOMUS - "THE SENSATION OF ORGASM"


(do DVD, Momus: Man Of Letters)

For the sensation of orgasm
Civilisations must rise and fall
For the sensations of orgasm
We build the society of spectacle

Oh these are beautiful powers
And these are beautiful human rights
And we have beautiful lawyers
Freedom is keeping us up all night

For the sensation of orgasm
Cultures accumulate energy
And for the pleasure of citizens
Allow the transgressions of chemistry

Oh these are beautiful powers
And we are dutiful citizens
And we elect by desire
Yes we elect only pretty things

Famous performers who win applause
From the anonymous everywhere
Show us that life is just metaphors
Sex is the air and the atmosphere

Oh you're such beautiful movers
And your performance was fabulous
You think because you are lovers
You were the ones who invented this

Each day I build a great tower
Where they speak thousands of languages
Oh these are beautiful flowers
And these are fabulous sandwiches

All the sensations of orgasm
Here in the congress of intercourse
These are the rights of the citizen
You may shout 'til your voice is hoarse

Oh these are beautiful colours
And this is lovely arithmetic
This system's been designed for us
It's such a pity it makes us sick

All the sensations of orgasm
Empower me afresh with a rush release
All the sensations of orgasm
Patrolling the borders with love police

Oh these are beautiful powers
And this is lovely arithmetic

(2009)

19 June 2009

"BREL WAS MORE THRILLING AND DANGEROUS
THAN A THOUSAND JESUS & MARY CHAINS"

(Momus citado daqui)



(2009)
LET'S...



O Presidente da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), Eduardo Simões, afirmou que é "satisfatório" o facto da justiça norte-americana se ter interessado por uma questão de violação de direitos de propriedade intelectual. Pela primeira vez nos Estados Unidos, um tribunal do Estado de Minnesota decretou uma sentença por causa da partilha ilegal de ficheiros de música na Internet. Jammie Thomas-Rasset foi acusada de violação de direitos de autor por ter partilhado ficheiros digitais de 24 canções de artistas como Sheryl Crow e Green Day, tendo sido condenada a pagar 1,3 milhões de euros à indústria discográfica. O responsável da AFP disse à Lusa que é uma decisão "satisfatória" mas "havendo uma disponibilidade para fazer um acordo com a Recording Industry Association of America, é um bocado incrível que isto chegue a uma decisão judicial". "Mas havendo uma decisão judicial - prosseguiu - é óptimo e só podemos elogiar o sistema norte-americano por dar importância a uma violação de direitos da propriedade intelectual". Eduardo Simões recordou que em Portugal "há uma única condenação por partilha não autorizada de ficheiros", no ano passado, pelo Tribunal Criminal de Portimão, não tendo havido qualquer "pedido de indemnização". (daqui)



1 - Pois, e os êxitos de toneladas+toneladas de apreensões de droga pela PJ também parece que, todos os anos, batem recordes. Os cartéis - da Colômbia ao Afeganistão - tremem de pavor.

2 - Agora, procedendo "cientificamente", vão fazer o favor de apresentar os números - mesmo que só nas casas decimais, não faz mal - da redução de downloads ilegais que, pós-processo-Pirate Bay e pós-Jammie Thomas-Rasset (mas... Sheryl Crow e Green Day?... francamente...), estes métodos de show-off musculado produziram, não é verdade?... Obrigado. Entretanto, não vos há-de matar passar os olhos por aqui (para não falar do muito resto que anda por aqui).


(2009)

17 June 2009

STAY TUNED!



Começou aqui. Passou para aqui. Prossegue aqui.

(2009)
O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (XIV)

Laurinda Alves




Ainda aqui mas já Além, Laurinda Alves - agora, por momentos, retirada das questões temporais - regressa às suas primordiais preocupações de ordem estética, à investigação do "sentido performativo dos espaços" (tema que, desde sempre, a fascina) e à metafísica do "chiaroscuro" existencial. Ainda que (como boa discípula espiritual de Vital Moreira) não seja propriamente uma metáfora.

"Dizem que ninguém acende uma luz para a colocar debaixo da cama. Ou da mesa. Ou num lugar que a impeça de iluminar. Tirei esta fotografia há meses, a um amigo arquitecto que também é artista plástico com um sentido muito performativo dos espaços, da luz e das sombras. Achei curiosa esta maneira de iluminar um quarto despojado de objectos: apenas uma cama, um tapete, um cabide ao alto e uma luz que muda de cores e fica pousada debaixo da cama. Escondida mas sempre a iluminar. Embora não seja propriamente uma metáfora, ajuda a ilustrar esta certeza de ser impossível ocultar uma luz acesa". (aqui e além - ou mais uma reflexão sobre Hitchcock, os ovos de gaivota, a natureza do Mal e o problema do escoamento de águas)

(2009)
DOMESTICADA



Lhasa - Lhasa

Esqueçam o mito urbano crítico-jornalístico acerca do "backlash" irremediavelmente consecutivo ao incensamento-mitificação inicial, enquanto livro de estilo da apreciação estética. Pode haver quem o pratique como forma de ascensão social mais ou menos ágil – descartar os heróis de ontem para acolher freneticamente os supostos ídolos, quase sempre frágeis, de depois de amanhã – mas, no caso de Lhasa de Sela, não é, de todo, disso que se trata. Após os óptimos La Llorona (1998) e The Living Road (2003), o homónimo Lhasa é o que – musicalmente falando – se deverá justamente classificar como decepção. Há fantasmas treslidos dos blues, assombrações de country e do Tom Waits assombrado pela country mas, tudo isso, demasiado domesticado, sem arrepio de fronteira, coisa planificada para público BCBG/Club Med, em busca do sobressalto das onze da noite, à sombra da palmeira, mediterrânica ou, convenientemente, caribenha. Não é, realmente mau, mas poderia ser, facilmente, muito melhor.

(2009)

16 June 2009

OLD TIME RELIGION



(acerca do Inferno): "There will be no end to this exquisite horrible misery. When you look forward, you shall see a long forever, a boundless duration before you, which will swallow up your thoughts, and amaze your soul; and you will absolutely despair of ever having any deliverance, any end, any mitigation, any rest at all. You will know certainly that you must wear out long ages, millions of millions of ages, in wrestling and conflicting with this almighty merciless vengeance; and then when you have so done, when so many ages have actually been spent by you in this manner, you will know that it is but a point to what remains. So that your punishment will indeed be infinite" (Jonathan Edwards, evangelista cristão, Sinners in the Hands of an Angry God, pp. 28, 29)

Religião assim é que eu gosto: Inferno à séria, punição eterna, azeite a ferver e ranger de dentes, tudo preto no branco, sem dar abébias aos infiéis, para meter a canalha na ordem. Nada das mariquices católicas pronto-não-se-assustem-que-já-não-há-Inferno ou das "second chances" mormons. Queres, queres; não queres, nem sabes o sarilho em que te meteste! Ou, como dizia o Dylan e o Nick Cave repetia, "death is not the end".

(2009)
POLITICIANS FAIL TO GRASP PEER-TO-PEER
(Eric Pfanner)



"It was the French equivalent of former U.S. Senator Ted Stevens’ description of the Internet as 'a series of tubes', which made him the subject of endless mockery on the Web. In a video shot for an online news site, French legislators were asked whether they were familiar with peer-to-peer file-sharing technology. 'No', one lawmaker responded, rolling his eyes. 'I speak French. Excuse me'. While France has often prided itself on its contrarian approach to information technology — remember the Minitel? — the response summed up the ham-handedness of the latest digital initiative by the French government. The video appeared this spring, at the height of debate about a plan by President Nicolas Sarkozy to set up a government agency to disconnect persistent copyright pirates from the Internet. The proposal, approved by Parliament last month after an earlier setback, was shot down last week by the country’s highest judicial review body, the Constitutional Council, which ruled that it violated constitutional guarantees of free speech and the presumption of innocence. Only a court of law is entitled to sever Internet connections, the council ruled.



The decision was a big setback for the music and movie industries, which wanted other countries to follow the French lead and impose similar systems, called 'three strikes' because cutoffs would have been preceded by two warnings to copyright cheats. It is particularly bad timing for Britain, where the government is to set out its digital strategy this week. It has indicated that it favors a softer approach. According to reports, the government wants to slow pirates’ Web connections, making it hard to share big media files, rather than cutting off access. Had the French law been cleared to go into effect, it might have provided some cover for the British government. Now Britain will serve as a test of how far the authorities can go in their efforts to protect copyrighted material. Every new effort to crack down on file-sharing seems to embolden groups devoted to an unfettered Internet.



The European Parliament has consistently maintained that Internet access is a fundamental right, at a time when communications, commerce and culture are shifting into the digital realm. After Sweden tightened its anti-piracy laws and sentenced to jail the founders of a site called The Pirate Bay, the popularity of a political group dedicated to free file-sharing soared. The Pirate Party has won a seat in the European Parliament, and similar groups are springing up elsewhere in Europe. What all this shows, if more evidence was needed, is that an anti-piracy strategy based largely on enforcement is bound to fail. In the United States, the recording industry has backed away from a legal campaign against file-sharers, realizing that suing its biggest fans is not a great marketing strategy. Now the U.S. music and movie industries are moving to make more content available legally.



In Europe, such efforts have generally lagged. Yes, online media sites like the BBC’s iPlayer, which allows users to watch television programs from the previous week, are hugely popular. But you can’t watch the iPlayer outside Britain because of complicated rights restrictions. In France, meanwhile, the government recently moved to reduce to four months the legally mandated 'window' between the release of a movie in cinemas and on home video. That is down from six months for DVDs, and seven and a half months for video on demand. But it is still a long time, during which piracy flourishes. Other European countries have similar windows in an effort to protect cinemas and moviemakers who rely on subsidies derived from box-office sales. People are still going to the movies. But when they stay home, they are increasingly turning to pirate sources, rather than waiting several months to watch the latest movie. If consumers can figure out peer-to-peer, perhaps it is time for lawmakers to do the same". (aqui)

nota: ler aqui também.

(2009)

15 June 2009

"RICH KIDS WANNA HAVE FUN"



Os Golpes - Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco

Muito e mui justamente foi escrito acerca da recuperação da melhor época do pop-rock português (e em português) pela dupla de editoras teologicamente irmãs/desavindas FlorCaveira/Amor Fúria. Nem tudo – coloquemos os devidos pontos nos exactos "i" – estaria à altura do verdadeiramente óptimo IV, de Tiago Guillul, mas o ímpeto global do empreendimento estético apontava na direcção certa e, mesmo os mais filosoficamente agnósticos/ateus de entre nós, se renderam à singularidade planetariamente anómala de a reanimação da pop nacional se ver entregue a uma dupla brigada de militantes baptistas/católicos.



Agora, se não se incomodam, um ponto de ordem: o álbum de Os Golpes é bom mas – e isso importa e está na cara – totalmente derivativo do nacionalismo dos Heróis do Mar e pós-punk coevo. Mas, mais decisivo, et pour cause, muito melhor do que eu poderia dizê-lo, afirma-o Tiago Guillul no seu blog, "Voz do Deserto": "Sexta-feira passada, o concerto dos Golpes no Santiago Alquimista mostrou que também os "rich kids wanna have fun". Até para alguém politicamente conservador, como eu, era desconfortável o ambiente. Umas centenas de miúdos bem nascidos ansiosos para fazer daquele 1 de Maio o seu 25 de Abril. No que diz respeito à luta de classes, Marx não se enganou. Existe. E eu vi-a, irremediavelmente favorecendo os verdugos do proletariado, em compasso quaternário com estes olhos que a terra há-de comer". Como diria o ateu Lenine, "que fazer?".

(2009)

14 June 2009

A MENSAGEIRA DE AGARTHA



Era importante - para maior engrandecimento do prestígio dos recém-premiados - saber o que é, de facto, a "Société Académique des Arts, Sciences et Lettres", de Paris. Mas, por mais que esfarrapasse o Google, não foi possível descobrir-lhe o paradeiro. É, certamente, um "coven" de Superiores Ocultos que divulga a localização em Paris para que não se desvende onde se situa, realmente, a sua esotérica Agartha. Apenas aqui se levanta um pouco o véu sobre a identidade daquela que, qual Blavatsky contemporânea, actua como mensageira das Entidades para o mundo exterior:

“A indicação dos nomes é da responsabilidade de Diva Pavesi, personalidade de origem brasileira e nacionalidade francesa, formada em Jornalismo e Relações Internacionais pela Fundação Casper Líbero de São Paulo (Brasil) e representante da revista Caras/Brasil.

Diva Pavesi

Ficamos assim muito mais descansados.