23 January 2010

É QUE, VENDO BEM, ISTO É MIL VEZES MAIS GRAVE DO QUE A DUPLA NOVELA FREEPORT/FACE OCULTA



"Triste fim o desta pandemia. Teve tudo: prime times, conferências, editoriais, planos de contingência. Teve uma Direcção-Geral por conta, áreas reservadas de hospitais, ambulâncias, laboratórios, quarto escuro nas creches. Foi o momento de glória de epidemiologistas e especialistas de saúde pública. Cresceu à sombra da respeitabilidade da OMS. (...) Embora a respeitabilidade deva ser reavaliada periodicamente, a OMS teve na gripe A uma prova de fogo. E chamuscou-se. (...) O Estado fez o negócio pelos particulares. Construtores civis, empresas de pré-fabricados, indústria farmacêutica, encheram os cofres. E agora? Discretamente, os hospitais desarmaram as tendas. Alguns ainda esperam uma palavra da tutela. Comissões regionais de gripe, DGS, Ministério. Silêncio. O silêncio glacial dos deuses. (...) Que se ouça, também ninguém pergunta. Nos países democráticos os ministros são interrogados: justificaram-se as medidas? O que se segue? Continua em vigor o estado de excepção? Normalizou-se o funcionamento das Urgências hospitalares? (...) Regressámos à nossa ingenuidade infecciológica pré-pandémica. Tussa lá à vontade para cima de mim, sopre na sopa da menina, dê-lhe beijinhos na mão e na boca do seu amor também" (daqui)

... e contudo...

(2010)

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