22 April 2010

TEORIA & PRAXIS MUSICAIS PORTUGUESAS (I)

Jorge Martinez



Se, neste blog, existe um label "pensamento filosófico português", nada justifica que, paralelamente, não haja outro designado por "teoria & praxis musicais portuguesas". Embora de forma desgarrada, já vários dos notabilíssimos valores dessa área foram aqui referidos (e passarão, agora, a estar abrangidos pelo novo label), mas nenhum melhor para a inaugurar oficialmente do que O Artista Anteriormente Conhecido Como Jorge Rocha & As Lipstick (aliás, "o Prince Português") ou, contemporaneamente, Jorge Martinez (isto é, "o Ricky Martin Português"). A sua vida e obra multifacetadas irão ser, gradualmente, abordadas, mas, hoje, como cartão de visita, fica o videoclip de lançamento do seu último álbum, Silêncio, que, nas palavras do próprio Jorge, "é uma bela e comovente história que retrata o amor em todo o seu esplendor! Um videoclip enigmático, com uma tenacidade dramática brilhante. Fascínio, sedução, glamour, lamas, areias, ruínas, escombros, falésias sumptuosas, entrelaçadas com dor, desespero e sofrimento, tornam este filme num monumento à capacidade do ser humano, em acreditar e lutar contra qualquer adversidade. Mistério e Amor num filme/videoclip com impacto, poderoso!!!"

(2010)

5 comments:

Unknown said...

meu deus... eu... isto,,,, quer dizer... não, não há palavras que possam ser usadas para ilustrar tudo o que sinto em relação a este videoclip/filme/performance/instalação/statement político.
Mas assim de repente, assinalo duas coisas: 1- os pormenores mui Buñuelianos do binóculo partido no chão, e do banho de leite (uma engenhosa inversão do rumo da natureza: em vez de sair do seio, o leite é derramado sobre ele...); 2- o assumido vanguardismo nihilista do autor/realizador, quando, por exemplo, aos 2:38 min, e sem razão aparente, ele faz o único freeze frame do filme.
Que dizer, senão, até que enfim algum ar fresco no horizonte! Chapeau!

João Lisboa said...

Eu sabia que não iria deixar ninguém indiferente.

RL said...

Reconheça-se a qualidade quando com ela nos deparamos. Reconheça-se a palavra, a poesia certeira. Reconheça-se que nem sempre nem nunca 'stop making sense'. Reconheça-se o 'sense', o entrosamento música e letra quando ele existe. Reconheça-se a dor que sentimos quando vemos e ouvimos este objecto ímpar. E reconheça-se que o autor sente, antecipa a nossa dor, como o prova a inteligência do uso do leite, subtil metáfora para a intolerância à lactose que a tantos tanta dor causa. Ou a televisão que se alimenta da poderosa energia da casa sem luz, símbolo da nossa desprezável dependência do vil objecto. Reconheçam-se, enfim, o certeiro título, o certeiro final: "Como dói este SILÊNCIO".

Depois desta revelação, esvaziemos o nosso espírito com realizações menores que evocam o mesmo tema, tais como

http://www.youtube.com/watch?v=O1ZGvnGTn0U

preparando assim o nosso corpo e mente para o acolhimento de novos episódios deste fabuloso autor, quando ele determinar que é altura de com novas obras nos brindar e surpreender.
Posto isto, (h)ouve uma coisa ou outra nesta peça cinematográfica que não compreendi - como acontece, diga-se, quando vemos algumas obras de outros grandes nomes da cinematografia -; por exemplo, como se coaduna o desprezo pelo televisor com o Ferrari . Mas vou perguntar ao meu pai.

João Lisboa said...

"Mas vou perguntar ao meu pai"

:)

amino said...

O homem tem muito sucesso nos paises hispânicos. Não percebo é a razão do Tozé Brito ter assinado com eles. Um dos primeiros singles chamasse "Tu Danças-te" ou qualquer coisa parecida. Tenho algumas boas memórias das partners das Lipstick mas não se encontram imagens adequadas.