28 October 2010

RECORDAR É VIVER (XVII)

O Santo António, o Listopad e o São Vicente que não tem nada que ser chamado à conversa *















Praga, República Checa, Abril de 2010: "Como não podia deixar de ser, o Presidente da República e a sua mulher, Maria Cavaco Silva, foram visitar, pela segunda vez, a famosa ponte [Carlos] de 16 arcos e pararam em frente à estátua de Santo António. E o Presidente exclamou: 'Ali o que está errado é o nosso Santo António!'.

'Santo António de Pádua não! Santo António de Lisboa!' exclamou, por sua vez, Maria Cavaco Silva, virando-se para o guia turístico que ia dando informações ao casal presidencial. E como este não reagiu passou a explicar: 'Ele morreu em Pádua (Itália) mas nasceu em Lisboa'. O guia ficou de certo modo surpreendido com as palavras do presidente e da sua mulher, mas nada disse. Mas Cavaco Silva ainda insistiu no caso durante mais algum tempo. 'Já disse ao Listopad, que é checo (Jorge Listopad, professor e escritor de origem checa que foi convidado a acompanhar o Presidente nesta visita de Estado à República Checa) para escrever às autoridades checas para fazerem a correcção: Santo António de Lisboa'.

Mais tarde, durante um discurso proferido na Câmara Municipal de Praga, e perante o presidente da dita, Cavaco Silva voltou ao assunto, improvisando uma passagem do seu discurso na parte em que enaltece a beleza da ponte: 'Ao cruzar a Ponte Carlos, desfrutando da impressionante vista que nos proporciona e apreciando as belissímas estátuas que a decoram, incluíndo a do nosso Santo António de Lisboa - que não é de Pádua, como está escrito na estátua - padroeiro da nossa capital'".
(daqui)

* sem dúvida, um dos mais brilhantes momentos de afirmação nacional e patriótica de Portugal no mundo do primeiro mandato de Cavaco Silva... e não adianta vir cá com a mariquice dos rigores históricos e dizer que o padroeiro de Lisboa é São Vicente e não Santo António; além de que há que reconhecer o jeitão que dá ter logo ali um checo às ordens para pôr tudo em pratos limpos.

(2010)

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